quarta-feira, dezembro 24, 2003

Zoroastro, a manjedoura e a rabanada

O mazdeísmo foi uma crença religiosa que surgiu muito antes do cristianismo, talvez cerca de nove mil anos atrás. O profeta Zaratrusta (Zoroastro para os gregos) teve uma cosmovisão de um deus único, um deus de amor, sabedoria e luz. Passou a pregar a existência do Ahura Mazda, o demiurgo, criador e ordenador do universo, que se dividiu entre Ormuz e Arimã (ou Ahriman).

Ormuz escolheu o caminho da luz, do Bem, enquanto Arimã optou pelas trevas, pelo mal - exatamente porque o Mal, ao dimensionar o Bem, proporciona prazer (a única forma de se ter prazer é entender a interrupção deste...). Aí, note-se, já estava representado o livre-arbítrio - para os seguidores de Zaratrusta, o ser humano era julgado de acordo com a natureza de suas palavras, seus pensamentos e atos; a recompensa para os bons era o paraíso, a "melhor existência", e para os maus, o inferno, uma "existência infernal". A morte seria uma construção da condição humana, fruto da escolha pelo Mal. O Mal é o império de Arimã sobre a consciência das pessoas, e seria preciso renunciar a ele e seguir o caminho de Ormuz, da plenitude (representada pelo fogo) para alcançar a vida eterna. A "morte", então, é a fragmentação necessária para a verdadeira vida.

Este mundo terminará um dia: o Ahura Mazda deveria enviar um "messias", o Saoshyant, uma espécie de anjo que nasceria de uma virgem e seria anunciado por uma estrela. Este enviado guiaria os homens no caminho de Ormuz até o fim, a ressurreição dos mortos (e o fim de Arimã). O Saoshyant seria animado pelo Spenta Manyu, algo semelhante ao Espírito Santo cristão.

O mazdeísmo (também chamado de zoroastrismo) era a religião dos persas, e quando Ciro invadiu o império babilônico (539 a.C.), os judeus o tomaram por libertador: o deus dos persas "correspondia" ao deus dos judeus (livro do profeta Isaías). Ciro reconstruiu o Templo de Jerusalém, que havia sido destruído pelos babilônios em 586 a.C. e formou-se uma espécie de aliança entre persas e judeus, originando as seitas judaicas da região do Mar Morto, donde infere-se que, em certo momento, muito antes dos Judeus por Jesus reverenciados por meu amigo Miguelito, existiram judeus que acreditaram na vinda do messias, mas conforme a visão mazdeísta de que este seria um anjo. Por isso os chamados "manuscritos do Mar Morto" são considerados por alguns pesquisadores como o "elo perdido" entre o judaísmo e o cristianismo.

Bem, apesar desta historinha, apesar de a religião cristã congregar aspectos do mazdeísmo, do judaísmo e até de seitas pagãs e gnósticas - apesar da escolha da data de 25 de dezembro para o nascimento do messias e do pinheiro como a árvore-símbolo provavelmente serem provenientes da crença dos Mistérios de Mitra, difundida durante o Império Romano; apesar de muitos compararem a assunção de Nossa Senhora ao mito de Diana de Éfeso e associarem Cosme e Damião a Castor e Pólux - apesar de tudo isso e mais um pouco, eu tenho fé. E Natal, para mim, muito mais do que peru e rabanada, presentes, tradição, família, antecedentes históricos, evangelhos apócrifos e tal, é isso: .


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Confirmando a sandice: essa história toda me veio à cabeça quando, em um momento automático de leitura do jornal (boa desculpa), li meu horóscopo deste mágico dia 24 de dezembro: "O Sol está entrando em sua 8ª casa, que simboliza a morte e também a eternidade, os mistérios, o fim para um novo começo, o sexo e as forças vitais que habitam o interior da matéria, pois é na matéria que estão ocultos todos os mistérios". Se você for geminiano, junte-se a mim e cantemos aos sátiros e brindemos às entidades da Floresta da Tijuca.

Um comentário:

sunnyvirtual disse...

não sei oque vc quer dizer, mas existe coisas muito mais além doque isso, coisas que vão além de sua compreensão, existe muitos mais segredos no céu e na terra do que na sua filosofia, apenas entenda isso toda a verdade disso é um quebra cabeça, cada parte da verdadeira verdade ESTA UM POUCO EM CADA RELIGIÃO, JUNTE-AS E ENTENDA,

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