segunda-feira, dezembro 19, 2005

O Rio fica a seis horas
e BH não tem praia, eu vou à piscina do Minas, e aqui tenho conhecidos que ainda não são amigos mas ficam cada vez mais gente boa, e aqui não tenho enzima brendase, nem tatiloka, nem sunset cliffs, nem twin, nem o Dois Irmãos, mas tenho uma família dorianna e a Lagoa dos Ingleses. E se aqui não pára de chover, aqui eu vejo cinco episódios de Friends e gargalho ao lado dele, e leio, e estudo, e durmo feliz com os pés quentinhos debaixo do edredon que eu nunca usei em Laranjeiras. Não tem Matriz, nem cobal, nem BG, mas tem ele rindo quando eu faço birra na quadra de tênis, tem ele querendo que eu almoce junto em vez de fazer francês, tem sobrinhos correndo pela sala, tem azulejos amarelos na cozinha e tem uma casa com horta e histórias em cada canto. E nós acreditamos, e rezamos, e dividimos uma pizza, e planejamos, planejamos tudo; e quando chega sábado eu nem lembro da Garcia. E se lá eu tinha um empreguinho num lugar considerado bacana, aqui eu tenho o dia inteiro de tranqüilidade e o trabalho com que há exatamente um ano eu sonhava. Amigos sempre fazem falta, mas eles estão pelo mundo, e eu sei que vou com eles: Istambul, França, Orlando, Itália, Barcelona, San Diego, Chicago, Recreio dos Bandeirantes. Mas o aqui caminha sem pressa, sem sobressaltos e sem agonia - o máximo que posso pedir para 2006 é tanta paz quanto a que tenho hoje. No fundo, acho que e aqui, advérbios, dão no mesmo: quem mudou foi o substantivo, o sujeito...Não consigo entristecer ou pensar em reclamar por mais de dois segundos. E se lá eu sentava em qualquer bar com amigos e ria, e conversava sobre coisas inúteis e coisas profundas ainda mais inúteis, aqui eu conto para ele o que eu aprendo, e ele me ajuda a escolher o melhor tênis para correr, e eu peço massagem nos ombros e ele me dá o mundo.
E todos os dias eu percebo que até o que me assustava faz cada vez mais sentido.

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