sábado, novembro 17, 2007

Faça

Vivemos reclamando do vizinho, do trânsito, da cidade, da violência, do Brasil, do mundo. Mas o que fazemos para melhorar a situação? Normalmente, quase nada. Pensando nisso, listei aqui algumas ações bem simples que podem ajudar a fazer diferença. Pode parecer que eu esteja repetindo o que todo mundo fala, mas acho que é o mínimo que posso fazer: ajudar a pôr na cabeça de quem esbarrar nesse blog que é possível, sim, melhorar o mundo com pequenas ações.

-Recicle o lixo. Se a prefeitura ainda não faz isso, ligue para a associação de catadores de papel mais próxima (em BH, Asmare -3201-0717) e diga que está interessado em fazer um convênio, depois telefone para a prefeitura da sua cidade e encha o saco deles até implantarem a coleta seletiva. Até lá, tome a iniciativa você mesmo e traga a idéia para a reunião de condomínio do seu prédio.

-Faça uma limpa no seu armário e na casa toda e se livre de tudo aquilo que não usa. Roupas, sapatos, brincos, caixas, brinquedos, livros, o vigésimo nono conjunto de tupperware, aquele refratário que você ganhou de presente há 17 anos e nunca usou. Muita gente ficaria feliz em ter cada uma dessas coisas que você nem lembra que tem.

-Não dê esmola em dinheiro: dê roupas, dê comida, converse com as pessoas.

-Jogue o óleo de cozinha no lugar certo, que não é o ralo da pia. No Rio, acesse o site http://www.disqueoleo.com.br/. Em BH (e provavelmente em outras cidades também), um dos locais que recebem óleo usado armazenado em garrafas pet é o supermercado Extra. Se o Extra mais perto de sua casa ainda não tem o coletor apropriado, ligue para o SAC da empresa: 0800-7732732.

-Feche a torneira enquanto escova os dentes e o chuveiro enquanto se ensaboa.

-Recicle pilhas e baterias de celulares, câmeras digitais, controle remoto, relógios etc. Elas contêm materiais que contaminam o solo e os lençóis freáticos. Sempre há lugares que recebem - em BH, por exemplo, o Banco Real.

-NUNCA, JAMAIS jogue lixo no chão, nem no mato. Leve um saco no carro, carregue outro para a praia. Nem chiclete deve ser jogado na rua, nem canudinho na areia. E, se vir alguém fazendo a barbaridade de jogar lixo no chão, não tenha vergonha e repreenda - sempre com educação.

-Falando em saco plástico: compre uma sacola de compras ou leve caixas de papelão na mala do carro quando for fazer supermercado. Reduza o uso de sacos plásticos ao mínimo necessário - o plástico demora de cem até 450 anos para se decompor.

-Se estiver dentro das suas possibilidades, "adote" uma criança carente de uma creche ou escola. Com R$30, 80, 100 por mês - quanto você puder e quiser - você pode ajudar uma criança a pagar material escolar, uniforme, lanche, sapato, ônibus. Se achar que não pode contribuir com nada, que seu orçamento está apertado, talvez seja hora de se organizar: às vezes a gente gasta 200 reais sem perceber, pagando estacionamento, pizza, sorvete, jantando fora, comprando coisas de que não precisamos.

-Novamente, se estiver dentro das suas possibilidades, dedique algum tempo a um trabalho voluntário. Ensinar uma língua, um esporte, visitar idosos, ler para cegos, dar aulas de reforço escolar...sempre há o que fazer. Uma forma de dar o primeiro passo para procurar quem precisa de ajuda é acessar o site http://www.voluntariado.org.br/.

-Dirija com calma. Lembre-se de que você não é a única pessoa que está com pressa de chegar a algum lugar. Se alguém fizer uma barbeiragem, segure-se e não xingue. No máximo, faça uma cara de desaprovação, seguida de um sorriso... A educação é mais importante que o seu orgulho ferido por ter sido passado para trás. E, se a barbeiragem partir de você, peça desculpas. Você vai desarmar o motorista que estava preparado para mandá-lo para aquele lugar.

-Diga as palavrinhas mágicas "por favor", "obrigado", "bom dia". Sorria para o ascensorista, para o gari, a faxineira - pessoas que trabalham para que sua vida seja mais confortável. Seja educado com todos, sem distinção de classe, cor ou seja o que for.

-JAMAIS fure fila. Não seja ridículo. Seja quem for, você não é melhor do que ninguém.

-Desista do seu baseadinho inocente. Droga não tem NADA de inocente. Agora já virou clichê dizer isso, mas a sua maconha do fim de semana ajuda, sim, a financiar o tráfico e engendrar a violência de que você tanto reclama. Você pode ser a favor ou contra a descriminalização, mas, enquanto ela não for realidade, seja responsável e deixe seu beckzinho de lado. E não venha com aquela desculpa esfarrapada de que "eu compro de um conhecido meu que planta em casa".

-Seja honesto nas mínimas coisas. Subornar o guarda de trânsito coloca você no mesmo nível do político que desvia dinheiro público. Pegar balinhas inocentes nas Lojas Americanas, comer pão-de-queijo no supermercado e sair sem pagar, comprar CDs e DVDs piratas, não devolver o troco dado em excesso, sonegar imposto, falsificar carteirinha de estudante - se você faz algo assim, não tem moral para falar do Renan Calheiros.

-Não desperdice comida. Compre o necessário, e se achar que não vai comer tudo, dê para alguém antes que vença o prazo de validade.

-Esse é o mais difícil e mais polêmico: não gaste dinheiro à toa. Vivemos numa sociedade em que se acredita que, se ganhamos dinheiro com nosso trabalho honesto, podemos gastá-lo como bem entendermos. Em parte, isso pode ser verdade - quem controla seu salário ou sua mesada é você. Mas não exagere. Mesmo que você não tenha roubado de ninguém, é um contra-senso gastar R$1.000 em uma calça jeans, R$2.000 em um vestido. Para quê comprar um carro de R$80.000, sendo que um pela metade do preço vai te levar ao mesmo lugar? Não seja escravo da moda, dos últimos lançamentos, da ditadura do status e das aparências. Construa sua personalidade em cima do que você é, e não do que você tem. Não incentive o consumo desenfreado e irresponsável. Não pode ser considerado normal gastar dois salários mínimos em um tênis em um país em que as crianças morrem de diarréia.


Nada disso é impossível de ser feito; só precisamos nos acostumar à idéia de que quem deve agir é cada um de nós e parar de confortavelmente culpar o governo, a história do Brasil, o Congresso, o Bush ou Deus...Ponha as mãos na massa.

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